Espelho profissional

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Domingos Meirelles

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Como se escreve a História

Trabalho de Técnicas de Reportagem III
Como se escreve a História – Capítulos XI e XII

Capítulo XI – “O Sublunar e as Ciências Humanas”

A questão central deste capítulo é analisar as posições epistemológicas de Paul Veyne em "Como se escreve a Historia" (1971), mostrando o afastamento da ciência na “criação” da história.
Este autor adota emprestado o conceito de sublunar da concepção cosmológica de Aristóteles, segundo a qual o universo estaria dividido em duas regiões distintas: a terrestre (sublunar) e a celestial (supralunar). O sublunar e o lugar do acaso, do contingente, da geração e da corrupção, do indeterminado. O domínio do sublunar se ocupa do vivido (o acaso, o imaginário). Já o domínio da ciência, se ocupa de suas leis.
Por isso que o autor inicia o capítulo dizendo que a história não poderia nunca ser explicada segundo a ciência, pois as leis e os acontecimentos históricos não coincidem. O vivido, que é a base da história, não é explicado pela ciência. Segundo o texto, se o vivido fosse convertido para ciência, para história isso não passaria de uma anedota, uma piada, pois o imaginário não é regido de leis.
Por isso as leis e os acontecimentos históricos não se encaixam: o que segue os objetos segundo o vivido (o acaso, o imaginário) não é o mesmo que acompanha os objetos da ciência.
Mesmo que a ciência um dia estivesse acabada (perfeita), não seria manipulável e não se poderia praticamente reconstruir a história com ela, os seus objetos não seriam os nossos e continuaríamos a referir o vivido, a escrever a história como escrevemos presentemente.
A ciência não explica a natureza do mesmo modo que não explica a história. Porque ela obedece a modelos, e isso não interessa ao historiador pelo fato da vida humana, não seguir esses modelos. Por isso o livro faz um paradoxo: “O sublunar e o científico, o vivido e o formal.”
O autor aponta exemplos de como a história tem pouco a esperar, ou até, nada a esperar da ciência:
- “A teoria não pode servir para reconstruir os fatos, comenta-os mais do que explica.”
- “A ciência quando explica algo, ela o molda de uma maneira que o encaixe às suas leis.”
A história pode ser transformada pelas ciências humanas numa medida comparável àquela em que nossa vida pode ser transformada pela técnica: temos eletricidade, e energia atômica, mas as nossas intrigas permanecem compostas de causas, fins e acasos. Ou seja, a ciência pode tentar mudar a história, mas nunca mudará, e compreenderá o vivido.

A conclusão sintetiza as principais idéias abordadas, tentando verificar as relações que a historia mantém com as ciências humanas e analisando as modificações gerais operadas no pensamento de Paul Veyne em dois de seus textos posteriores A história conceitual (1976) e o Inventario das diferenças (1983).. Enfim, busca-se avaliar as conseqüências da utilização que Veyne faz do conceito de sublunar na historia - o que esse uso carrega de positivo e de negativo, enquanto exprime uma postura epistemológica que ultrapassa o âmbito da historia, remetendo-nos ao debate sobre o ideal de cientificidade..



Cap. XII – “História, Sociologia, História Completa”

Para a questão da ciência existe um estudo que explica os acontecimentos referentes a ela. E nas questões da história ou da sociologia científica, existe uma ordem de fatos que, pelo menos por alto dirija os outros fatos?
Encontrar a ordem de fatos é um sonho que já foi procurado nos regimes políticos, nas leis, nos costumes. Mas não existe ordem dos fatos, sem a mesma, que dirigiria constantemente os outros fatos.
Visto que um fato social tem por função o que é e que um fato social é um fato de grupo, podemos dizer que todos os fato têm finalmente uma grande função, a de integrar o indivíduo no grupo, o que é verdade para os feriados nacionais e as revoltas anárquicas que fecham a união sagrada contra elas e são um exutório necessário ao equilíbrio.
O autor defende a idéia de que só a história existe verdadeiramente, ele duvida da utilidade da sociologia. Para ele a sociologia geral, não existe; o que existe é uma física, uma economia (e só uma), mas não existe uma sociologia. A sociologia é uma ciência que queria ser, mas cuja primeira linha não foi ainda escrita e cujo balanço científico é completamente nulo.
Na história apenas há explicações de circunstâncias. A explicação histórica não segue rotas traçadas de uma vez por toda, a história não tem anatomia.
Na história não é possível classificar as causas por hierarquia de importância. Pois a importância é relativa das categorias de causas que variam de um acontecimento para outro. A ausência duma hierarquia constante das causas aparece claramente quando tentamos intervir no curso dos acontecimentos.
By Sassá________________

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